sábado, 8 de março de 2008
Inteligência Emocional
Primeiro encontro, primeiro jantar.
Nunca se soube ao certo o que ele teria visto nela (além, é claro, da estupenda beleza).
Dois mundos diametralmente opostos. Ele, pós-graduado em Harvard, ela, mestre em experiências de rua.
Para quebrar o gelo, ele pergunta:
-Me fale um pouco sobre você.
- Eu sou de sagitário, o que provavelmente diz a você mais do que você precisa saber.
- Sim...me diz que você participa da ilusão cultural massiva de que a posição aparente do Sol em relação a constelações arbitrariamente definidas no momento do seu nascimento, de algum modo, afeta sua personalidade.
-Hã??
Mais tarde, ao pedir o prato principal, ela diz ao garçom:
- Uma paella por favor.
Ele retruca:
-Desculpe, ela quis dizer ``paelha´´. (Se estivese em Buenos Aires, provavelmente ele a corrigiria de outra forma, dizendo paeja).
O garçom saiu contendo o riso (de deboche e desdém), com pena daquele pobre senhor acompanhado daquela tão deselegante dama.
Diferenças irreconciliáveis, incompatibilidade de gênios, discrepância de informações, desigualdade nas manifestações de inteligência. Havia tudo para não dar certo...mas ele cedeu.
Seus amigos se afastaram, fofocas surgiram, seus negócios arruinaram.
Ele, que vivia de aparências, não pôde suportar conversas do tipo ``como ele pode se envolver com mulher tão vulgar´´.
Após isso, a vergonha foi uma constante em sua vida. Ele sempre achou que tivesse errado. Só mudou de idéia, quando, no seu leito de morte, ela, e apenas ela, segurava sua mão e consolando-o, contava-lhe histórias de amor.
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