quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Aparência é tudo, contéudo é nada.

-Se eu fizesse um blog, teria como primeira postagem isso: "Estratégias em um Novo Paradigma Globalizado, parte I -Todavia, o entendimento das metas propostas nos obriga à análise do impacto na agilidade decisória. Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados desafia a capacidade de equalização do fluxo de informações. Não obstante, a execução dos pontos do programa exige a precisão e a definição do sistema de participação geral."

Li esse disparate em uma conversa msnlística (perdoem-me pelo neologismo inapropriado). Perguntei que sentido teria isso ao meu interlocutor, ao passo que ele respondeu: "Nenhum. Aparência é tudo, conteúdo é nada. O importante é impressionar".

Em um mundo de aparência, alguns tentam se impor também por meio das letras, pela forma e apenas por ela.
Alexandre Herculano, escreveu certa vez, em seu livro "Opúsculos" isso: "Como orador sagrado, Macedo deveu a popularidade de que gozou a um falso brilho no fundo das idéias, e sobretudo a essa instrução perfunctória que começa a invadir a capital e que é mais danosa às letras do que a ignorância."

Ele acreditava que a instrução perfunctória, superficial, era mais danosa que a ignorância. Não é difícil tentar entender o porquê. A massa que se acredita um pouco instruída, talvez seja ainda mais suscetível de demagogismos que o resto do aglomerado ignaro.

Lembro de uma anedota de Rui Barbosa.
Estavam roubando as galinhas do Dr. Rui Barbosa. Todo dia o ladrão pegava quatro ou cinco galinhas. Quando o eminente doutor percebeu um desfalque em seu galinheiro, preparou uma arapuca para pegar o ladrão. Esse, chegando de mansinho pela madrugada, depois de pegar uma galinha em cada mão, foi surpreendido pelo Dr. Rui Barbosa, que disse:
"Não pelo bico do bípede, nem pelo intrínseco valor do galináceo. Se veio roubar-me, perdôo-te, mas se veio insultar minha soberba prosopopéia, dar-te-ei um trompaço no meio de seu glóbulo pensante que transformará sua massa encefálica em uma única hemácia".
O ladrão, atordoado, sem entender nada daquilo, simplesmente disse:
"Doutor, eu deixou ou eu levo a galinha??"

Aos que vivem pela forma e não pelo conteúdo, imaginando assim impressionar alguém, façamos um minuto de silêncio.

Meus sinceros pêsames, amigo interlocutor.