sábado, 8 de março de 2008

Inteligência Emocional


Primeiro encontro, primeiro jantar.
Nunca se soube ao certo o que ele teria visto nela (além, é claro, da estupenda beleza).
Dois mundos diametralmente opostos. Ele, pós-graduado em Harvard, ela, mestre em experiências de rua.

Para quebrar o gelo, ele pergunta:
-Me fale um pouco sobre você.
- Eu sou de sagitário, o que provavelmente diz a você mais do que você precisa saber.
- Sim...me diz que você participa da ilusão cultural massiva de que a posição aparente do Sol em relação a constelações arbitrariamente definidas no momento do seu nascimento, de algum modo, afeta sua personalidade.
-Hã
??

Mais tarde, ao pedir o prato principal, ela diz ao garçom:
- Uma paella por favor.
Ele retruca:
-Desculpe, ela quis dizer ``paelha´´. (Se estivese em Buenos Aires, provavelmente ele a corrigiria de outra forma, dizendo paeja).
O garçom saiu contendo o riso (de deboche e desdém), com pena daquele pobre senhor acompanhado daquela tão deselegante dama.

Diferenças irreconciliáveis, incompatibilidade de gênios, discrepância de informações, desigualdade nas manifestações de inteligência. Havia tudo para não dar certo...mas ele cedeu.

Seus amigos se afastaram, fofocas surgiram, seus negócios arruinaram.
Ele, que vivia de aparências, não pôde suportar conversas do tipo ``como ele pode se envolver com mulher tão vulgar´´.

Após isso, a vergonha foi uma constante em sua vida. Ele sempre achou que tivesse errado. Só mudou de idéia, quando, no seu leito de morte, ela, e apenas ela, segurava sua mão e consolando-o, contava-lhe histórias de amor.





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

"Ré-ligião"


"A religião de uma era é o entretenimento literário da seguinte".
Ralph Waldo Emerson


Já cansado da mesma ladainha, o padre José tinha pregado dentro do confessionário uma lista com todos os pecados possíveis e as correspondentes penitências. De repente, chega um fiel e diz:
- Padre, traí a minha mulher!
O padre olhava a lista, procurava adultério e vendo, ao lado, a devida penitência, respondia:
- 4 pais-nossos e 10 ave-marias!
Um dia no meio desta lengalenga, deu-lhe uma vontade imensa de ir no banheiro. Não tinha solução. Tinha que sair dali de qualquer maneira. Como a fila de pecadores estava imensa, chamou o sacristão, para que ele ficasse no seu lugar.
- É simples! Basta você ouvir o pecado, procurar a penitência, dizê-la ao fiel e pronto!
Veio um e disse:
- Padre, dei porrada na minha mulher!
O sacristão procurando na lista esse pecado com sua respectiva penitência, respondeu:
- 8 pais-nossos e 10 ave-marias. Vá em paz!
Até que chegou outro e disse:
- Padre fiz sexo oral com minha mulher!
O sacristão olhou para a lista e não achou nada sobre isto. Então ele abriu a porta do confessionário, encontrou o coroinha, o Joãozinho, e perguntou:
- Você sabe quanto é que o padre dá para sexo oral?
E ele responde:
- Sei sim, dá um guaraná e dois bombons!


A história é narrada pelos vencedores. Hitler invariavelmente ganha destaque pelo seu desumano holocausto. Mas o episódio das bombas jogadas pelos Estados Unidos em civis inocentes no Japão é quase sempre convenientemente esquecido ou deixado de lado. Quando não, rápidas pinceladas são feitas e muitos asseguram que esse bombardeio precisava mesmo ser feito (...só lembrando que o Japão já estava quase de quatro a essa altura).

Me pergunto se o mundo não seria melhor sem Deus ou Deuses. Sem religião ou religiões. Sem Maomé, Alá, Javé, Jesus, mãe Maria, Espírito Santo...
Quantas "bruxas" perseguidas", quantos "infiéis" atacados, quantos "sodomitas" aniquilados, quantos judeus hostilizados. Isso mencionando apenas a Igreja Católica. Também não nos esqueçamos do Islã, em suas correntes mais radicais com seus abomináveis homens-bomba, lutando a favor (?) da fé.


Sei que muitos alegam que as igrejas são feitas por homens, portanto, suscetíveis a erros. Pessoalmente, não me simpatizo com esses homens, tampouco com seus Deuses.

Para exemplificar, me atendo ao "Deus cristão", uso as palavras de Richard Dawkins, que servem como uma luva para o que penso:

"O Deus do Antigo Testamento é talvez o personagem mais desagradável da ficção: ciumento, e com orgulho; controlador mesquinho, injusto e intransigente; genocida étnico e vingativo, sedento de sangue; perseguidor misógino, homofóbico, racista, infanticida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista e malévolo".

Let it be.



Let it be.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Notícias Fresco-Velhas

Bill Gates não é mais o homem mais rico do mundo.

O carnaval, terminou em samba (poucas coisas não acabam em pizza no Brasil)

Vai-vai foi-foi (infame isso!) novamente campeã do carnaval.

Hillary e Obama, empatados, seguem em indefinição (pelo costume, quase escrevi seguem em anexo [aliás, é bastante preferível seguem anexos]).

Chaves continua entre os líderes de IBOPE do SBT.

Silvio Santos (Senor para os íntimos) é o homem que tem o maior salário anual do Brasil - R$ 55 milhões.

O Big Brother segue com menos um (graças a Deus!)

Morre o imortal (mais infame ainda) guru dos Beatles, Maharishi Yogi.

Pato não joga pela seleção por causa do inchaço na pata.

Holanda faz apelo para policiais pararem de fumar maconha.

Goiânia é considerada a capital com melhor qualidade de vida do Brasil (um dos critérios: "número de automóveis per capita!!!").

E a notícia mais fresca de todas: Conferi hoje, na TV Globinho, que os integrantes da Caverna do Dragão...não saíram do buraco.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Animalidades

Estava com um olhar bovino a me encarar.
Alguns a chamavam de gata, outros de tigresa. Sua ferocidade era o primeiro aspecto que chamava atenção.

Maledicentes a chamavam de vaca. Piranha também não era menos comum.
Mula, burra, anta...outros enfatizavam.

Não era nada disso.

As invejosas preferiam adjetivos como baleia, elefanta (aliá para ser mais preciso).

Não era nada disso.

Ingênuos a chamavam de beija-flor, transeuntes assobiavam como peritos canários.

Forte como um touro, ágil como leopardo, esperta como golfinho.

Sempre desconfiei...


Quão grande não foi a surpresa de (quase) todos quando descobriu-se que esse multifacetado animal na verdade se tratava de um veado.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Aparência é tudo, contéudo é nada.

-Se eu fizesse um blog, teria como primeira postagem isso: "Estratégias em um Novo Paradigma Globalizado, parte I -Todavia, o entendimento das metas propostas nos obriga à análise do impacto na agilidade decisória. Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados desafia a capacidade de equalização do fluxo de informações. Não obstante, a execução dos pontos do programa exige a precisão e a definição do sistema de participação geral."

Li esse disparate em uma conversa msnlística (perdoem-me pelo neologismo inapropriado). Perguntei que sentido teria isso ao meu interlocutor, ao passo que ele respondeu: "Nenhum. Aparência é tudo, conteúdo é nada. O importante é impressionar".

Em um mundo de aparência, alguns tentam se impor também por meio das letras, pela forma e apenas por ela.
Alexandre Herculano, escreveu certa vez, em seu livro "Opúsculos" isso: "Como orador sagrado, Macedo deveu a popularidade de que gozou a um falso brilho no fundo das idéias, e sobretudo a essa instrução perfunctória que começa a invadir a capital e que é mais danosa às letras do que a ignorância."

Ele acreditava que a instrução perfunctória, superficial, era mais danosa que a ignorância. Não é difícil tentar entender o porquê. A massa que se acredita um pouco instruída, talvez seja ainda mais suscetível de demagogismos que o resto do aglomerado ignaro.

Lembro de uma anedota de Rui Barbosa.
Estavam roubando as galinhas do Dr. Rui Barbosa. Todo dia o ladrão pegava quatro ou cinco galinhas. Quando o eminente doutor percebeu um desfalque em seu galinheiro, preparou uma arapuca para pegar o ladrão. Esse, chegando de mansinho pela madrugada, depois de pegar uma galinha em cada mão, foi surpreendido pelo Dr. Rui Barbosa, que disse:
"Não pelo bico do bípede, nem pelo intrínseco valor do galináceo. Se veio roubar-me, perdôo-te, mas se veio insultar minha soberba prosopopéia, dar-te-ei um trompaço no meio de seu glóbulo pensante que transformará sua massa encefálica em uma única hemácia".
O ladrão, atordoado, sem entender nada daquilo, simplesmente disse:
"Doutor, eu deixou ou eu levo a galinha??"

Aos que vivem pela forma e não pelo conteúdo, imaginando assim impressionar alguém, façamos um minuto de silêncio.

Meus sinceros pêsames, amigo interlocutor.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Nomes

Nomes são delicados...
Não há um som mais doce para uma pessoa que seu próprio nome, por isso é tão importante gravá-lo logo que se conhece alguém.
É uma lição antiga, universal, mas que normalmente não damos muita atenção.

Em outra oportunidade, falarei sobre a extensão da importância desse segredo simples e básico.
O que me aflige agora é...será que isso se aplica aos infelizes que possuem nomes como Givaneideson, Rirumberto ou Madeinusa?!

Acredite, há pessoas desafortunadas com nomes como os citados acima.

Há também aqueles nomes que são frutos de junções, alguns são bonitos, como Luriana (que a propósito, vem ser minha irmã e lembrando que o bonito aqui destacado é nome!). É uma mistura (feliz) de Lúci Eni com Mariana, respectivos nomes de minha mãe e avó.

Há outras misturas curiosas, algumas pertinentes, outras não. Madeinusa é um caso único, peculiar.

Sua mãe era uma empregada doméstica semi-analfabeta, que ao tempo da gravidez, ainda intrigada com o nome que daria à filha, leu em um dos brinquedos que havia comprado antecipadamente para sua cria, "Made In Usa". Achou bonito, sonoro e resolveu batizar a infeliz com esse despropósito.

Conheci Madeinusa. Musa de cabelos negros e longos, realmente era bonita e tinha uma voz harmônica, diria sonora até. Inteligente, preparada (uma pessoa com um nome desses invariavelmente é preparada para a vida) e articulada, ria-se com a situação que forjou seu nome.

Eu não rio. Sei que ela também, intimamente não ri. Soube tempos depois, que ela cogitou mesmo a possibilidade de mudar seu nome, quando completou 18 anos.

O que tem acontecido com nomes como Ricardo, Paulo, João, Rodrigo, Pedro, Hugo?!
Tenho visto ultimamente uma ânsia por nomes novos (outros nem tanto) como Petra, Maddox (esse talvez reconheçam), Yan Carlos (composto mesmo!).

Há os comuns, mas deturpados pelos maldosos pais, como Jakellinny, Letíccia e Anna Carollinne.
Um tal de troca uma letra daqui, dobra outra letra ali.

Felizes mesmo, talvez, sejam aqueles que já tem um apelido inscrito em seus nomes.
Ontem conheci um indivíduo chamado Jota Pê!
Entre hesitante e perplexo, pedi para que me mostrasse sua identidade. "Jota Pê Pereira da Silva."

Achei engraçado, interessante até. Nesse caso está o oposto da máxima, visto que seria trágico se não fosse cômico.

Pronúncias

Piadas como:
-Amanhã não vai ter pãozinho!
-Por que?
-Porque você assassinou o português.

Huum, são antigas!

Mas quem somos nós para corrigir os outros?!
Isso não é uma pergunta retórica nem tirada de livros de pseudo-ajuda que te aconselham a não corrigir os outros...
A pergunta é mesmo significativa.

Recentemente, lendo o "Manual de Redação do Ministério Público", pude conferir o quão errado já estive quanto a algumas pronúncias.

Não sabia por exemplo que proxeneta se pronunciava "proksenêta" nem que o país Kuwait tinha como pronúnica correta "Cuêit". Bem, no último caso talvez se deva a nossa influência sofrida pelos malfadados portugueses. Lá, o país também é conhecido como Couaite.

Adrede é "adrêde", o plural de corpos é "córpus" mas o plural de rosto é mesmo "rôstos".
Estrangeirismos também pegam muitos...Sursis (figura jurídica) é "sursí", haja vista ser um termo francês.

Aos modernistas é bom saber que é preferível a pronúncia "sintássi" a "sintákse", quando nos remetemos à boa sintaxe gramatical.

Vendo dessa forma, agora parece mais cabível a pergunta "Quem somos nós para corrigir?".

Ainda assim, corrijo, rs!
Claro, quando tenho intimidade suficiente para tanto...(e quando não tenho também, mas nesse caso, só para aporrinhar).




Adeus

Primeira postagem!
Nada mais óbvio do que escrever primeira postagem.
É como aqueles chiclês odiáveis para um novo amigo no orkut "Nossa, até que enfim fez um orkut" ou "Bem-vindo a esse novo terreno virtual" ou pior, o mais detestável, "êêê, primeira postagem aqui na sua página de recados".

Escrever em um blog é uma idéia um tanto "narcisística". Não sei quem serão os leitores, aliás, nem sei se os terei.

A idéia de fazer um espaço no qual pudesse ser lido foi subsidiada por um amigo, Délbio. Aliás, que nome esse! Algo simples como Pedro e João seria comum, mas apelar também...definitivamente não foi uma boa solução adotada pela Délbio's Mother.

Muitas idéias pululam, mas por ora, contenho-me. Sempre que me empolgo a escrever, lembro de uma lição de Voltaire, que disse uma vez a um amigo: " Escrevo-vos uma longa carta porque não tenho tempo de a escrever breve."

A concisão é deveras esquecida, negligenciada, seu conceito é mesmo deturpado.
Sou ainda um dos poucos amantes (ô pretensão) dessa revisora intelectual dos textos.

O fecho é também é muitas vezes descurado.
Ridículo e formalista seria escrever "Atenciosamente...". Clichê seria "Tchau ou algo congênere". Banal seria "Bem, pessoal, depois eu volto para escrever mais".
Fico com o velho e bom (supervalorizado por ser dramático) adeus!